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Mostrando postagens de 2017

Burocracia e Filosofia

Compartilho com os leitores do Blog de Filosofia da Unisul, o relato de um incidente que culminou na minha eliminação do processo seletivo para doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina, neste final de ano de 2017. Não se trata aqui de mera lamentação pública, mas de um caso que nos dá a pensar sobre os impasses constantes em nosso tempo entre o domínio da razão instrumental burocratizada e a dimensão do indivíduo e de sua existência.  CARTA ABERTA   À coordenação do programa de pós-graduação em Filosofia da Universidade de Santa Catarina.   Venho por meio desta manifestar minha discordância e repúdio em relação à resolução do colegiado do programa de pós-graduação em filosofia por invalidar as provas de sete candidatos (mestrado e doutorado) desclassificando-os sumariamente do processo seletivo de 2017. O fato   No dia 4/12/2017 sete candidatos ao mestrado e doutorado em filosofia foram inicialmente impedidos de ter ac

Caminhada para a Pedra Branca

A SÓKHRATES NO MORRO DA PEDRA BRANCA: O SOPRO DE UMA HUMANIDADE SOLIDÁRIA Carlos Euclides Marques Neste final de semana passado, 26/11/17, um grupo de estudantes professores e, principalmente de membro de uma das culturas originárias desta Terra Brasilis, os Guaranis, subiram uma das trilhas que leva ao topo da Pedra Branca, no município de Palhoça, em Santa Catarina. Uma subida de mais ou menos uma hora dependendo do preparo físico daqueles que se embrenharam na mata por uma trilha, em certos momentos, íngreme, mas acolhedora. Sim, acolhedora, pois nos ofereceu sombra, a maior parte do trajeto, água fresca e potável em dois pontos. Prova do acolhimento dado pela natureza ao ser humano, dito civilizado, que nem sempre a retribui de forma similar. Já no caminho de ida antes da chegada à entrada da trilha, a prova de uma civilização, por vezes, avessa à Natureza: rasgos imensos cortam vales para dar lugar, futuramente, àqueles que, já faz tempo, Le Corbusier denominou “monstros

Dicas de filmes

Dicas de filmes com sinopses envidas por Tiago de Araújo Castilho. Quando Nietzsche Chorou. O filme é baseado no romance de Irvin Yalom e conta a história de um encontro fictício entre o filósofo alemão Friedrich Nietzsche e o médico Josef Breuer, professor de Sigmund Freud. Nietzsche é ainda um filósofo desconhecido, pobre e com tendência suicidas. Breuer é procurado por Lou Salome (Kather Winnick), amiga de Nietzsche, com quem teve um relacionamento atribulado. Ela está empenhada em curá-lo de sua depressão e desespero, assim pede ao médico que o trate com sua controversa técnica da “terapia através da fala”. O tratamento vira uma verdadeira aula de psicanalise, onde os dois terão que mergulhar em si próprios, num difícil processo de auto-conhecimento. Trata-se de uma oportunidade para conhecer melhor o pensamento e alguns posicionamentos de Friedrich Nietzsche. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=RMqIE5dUF9A > Sócrates “Sócrates”, mostra o final da vi

A ARTE COMO REVELAÇÃO DO ESPÍRITO

Mais um dos bons trabalhos produzidos por estudantes do curso de Filosofia. Desta vez para a UA de Estética, Arte e História da Arte . A ARTE COMO REVELAÇÃO DO ESPÍRITO Antonio Geraldo Silva Santos Asseverar que a arte “ reflete uma visão de mundo , (e) como tal, configura uma das formas de conhecimento que revela o espírito de uma época ” [1] exige ou um comprometimento intelectivo com o pensamento hegeliano, ou uma leitura menos específica do termo espírito, emprestando-lhe nessa hipótese um sentido de historicidade. Isso porque a ideia de espírito – incluindo o seu aspecto objetivo que se revela na historicidade, funda o pensamento fenomenológico de Hegel. Sinteticamente, Giovanni Reale, explicita a ideia de espírito em Hegel como sendo o retorno a si a partir de sua alteridade, a mais alta manifestação do absoluto e o autorrealizar-se e o autoconhecer-se de Deus (2005, p. 124). Este espírito, ainda segundo Reale, se revela em três momentos: (i) como espírito subjetivo

Sobre as nossas palavras

As nossas palavras não são simplesmente “palavras”. A nossa palavra é o nosso mundo, o lugar de onde viemos, os lugares por onde nós passamos e o lugar onde estamos. A nossa palavra, somos nós. Falar é sair de si, exteriorizar-se existir. A palavra nos põe no mundo e diz ao mundo, quem somos. Conversamos para dizermos, para nós, pros outros, para o mundo, quem somos. Nossa palavra nos dá a conhecer. Por isso, nós os seres da palavra, sempre tivemos muito cuidado com as nossas palavras. Elas nos “humanizaram”, nos fizeram sociais, criaram civilizações, gestaram a história, e a mais importante das conquistas civilizatórias: o diálogo. A nossa história é feita das nossas palavras, a sociedade e a civilização, de diálogo. Pensar, falar, escrever, pensar o escrito, e novamente pensar o falado, pensar o escrito, e falar, e escrever. Assim como acontecer na vida, no existir, acontece na filosofia. Palavras não são simplesmente palavras. É a existência humana e a filosofia, acontecendo. Q

Série Resenhas

Eis mais uma das produções derivadas de exercícios avaliativos solicitados nas Unidades de aprendizagem. Desta feita, uma produção de um estudante de Administração para Filosofia e ética na gestão de negócios . Ética e Vergonha na Cara! Roberto Cezar Pereira [1] Este é o título de um livro escrito por Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho, a partir de um diálogo entre os dois, no qual vão surgindo os seguintes temas: A ética da conveniência; A ilusão moral do foco no resultado; Qual é o resultado que torna justo o caminho?; Ética como Instrução; Não há vida sem escolha e não há escolha sem valor; Corrupção: Consequência do sistema?; Uma questão de escolha; A corrupção e o sistema político; A corrupção e a família; e É vergonhoso não ser querido.             Como pai, o capítulo que despertou minha atenção foi o A corrupção e a família, o qual vou tentar resenhar a seguir. Nele Cortella inicia afirmando que ao falarmos de vida devemos falar de vida pública e en