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Mostrando postagens de março, 2018

A educação como um circuito

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A prender e ensinar não são coisas distintas. Isso já foi abordado com maestria por Freire: "Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que o conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender." (Pedagogia da autonomia, 1996,p.27) Obviamente isso é verdade para o ato autêntico de ensinar/aprender, o que não exclui a possibilidade de uma alienação deste ato; precisamente aquilo que o próprio Freire denominou de "ensino bancário." E não é esta a realidade da escola ainda hoje? E como profissionais que atuam na escola, em maior ou menos medida nos deixamos arrastar por esta tendência.  É bastante comum que o ensino do professor em sala de aula se cristalize em um ato unidirecional e automático. Um ensinar que, sendo sempre o mesmo, não traz nada de aprendizado para quem o ministra. Um ensinar que se enferrujou nos mesmos exemplos, no exce

Reflexões sobre a BNCC

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  A Base Nacional Comum Curricular ( BNCC ) é o documento que estabelece os novos alicerces para a educação básica no Brasil. Trata-se de um "documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica", segundo o site do MEC. A novidade mais significativa é a proposta de reorientação dos currículos das escolas públicas por meio do estabelecimento de um grupo de competências e habilidades voltadas para uma educação integral. Na semana passada as escolas estaduais de Santa Catarina tiveram uma parada pedagógica destinada ao estudo e discussão deste documento, como etapa preparatória para a futura estruturação de um novo currículo.  Gravei em vídeo algumas reflexões pessoais sobre o tema:  A primeira parte trata de uma inversão significativa no cenário das tentativas de inovação da educação pública. A seg

Dias e dias

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S abe aquele antigo vídeo clip do Pink Floyd em que a escola é representada como uma esteira rolante na qual crianças com caras de boneco são conduzidas a um sinistro moedor, resultando dali uma massa uniforme?   Pois então, meu emprego na escola pública é "operador de esteira". E, semana após semana, enquanto vou ajudando a operar a imensa máquina fic o sonhando com o dia em que os meninos e meninas vão despertar, decidir deixar de ser apenas mais um tijolo no muro e acabar me jogando no fogo junto com os escombros. Em verdade, eu tenho trabalhado para isso, sendo "no centro da própria engrenagem a contra-mola que resiste" - Primavera nos dentes Porém, enquanto opero a esteira e alimento o sonho, também sei que todo esse movimento foi só um sonho na cabeça do menino revoltado em sua sala de aula, enquanto tudo segue como antes. E sei que o menino era eu...também.